
Nature
há uma linha que separa dar ciência à vida...
... e dar vida à ciência.
UA6 - A Terra e os outros planetas telúricos
6.1 Manifestações da atividade geológica
Processos de origem interna
Na Terra, a atividade geológica interna traduz-se pela movimentação das placas tectónicas, que se revela nos sismos, nas manifestações vulcânicas, na formação de cadeias montanhosas e na evolução dos fundos oceânicos com a consequente deslocação dos continentes.
A natureza radioativa de alguns dos constituintes da Terra assegura a produção contínua de energia, através de cadeias de reações químicas de desintegração – as mesmas que estão na base da datação absoluta das rochas – prolongando-se algumas delas por milhares de milhões de anos.
Até à atualidade, foram reconhecidos poucos corpos do tipo planetário com atividade geológica interna com expressão superficial como a existente na Terra. A primeira erupção vulcânica observada, além das existentes na Terra, teve lugar em Io, uma das luas de Júpiter.
Entre os planetas, só Vénus parece poder equiparar-se à Terra nesse aspeto.
Admite-se que o vulcanismo seja ativo, dada a forma como as suas rochas vulcânicas refletem a luz, sugerindo tratar-se de derrames de lavas muito recentes.
A crosta de Vénus parece ser basáltica, levando a crer que a atividade vulcânica cobriu toda a superfície, talvez há 500 milhões de anos; lá foram identificadas algumas centenas de vulcões.
Mercúrio apresenta um tamanho reduzido, o que terá permitido um arrefecimento mais rápido e a perda de calor interno (ainda existente na Terra e responsável pelos processos de atrás referidos). Apresenta uma superfície dominada por crateras de impacto meteorítico, destacando-se as extensas planícies de origem vulcânica.
Marte, que, tal como mercúrio, terá sofrido um arrefecimento mais rápido, poderá estar tectonicamente inativo há mil milhões de anos, conservando grandes marcas de origem tectónica.
Não tanto como em Vénus, mas, ainda assim, com grande extensão, as áreas vulcânicas ocupam cerca de dois terços da superfície, destacando-se, pela sua grandiosidade, o monte Olimpo, o maior vulcão do Sistema Solar.
Processos de origem externa
A atividade geológica da Terra tem também causas externas que lhe moldam a superfície, fundamentalmente graças à ação do ciclo hidrológico. A água que escorre à superfície, sobre rochas e solos transporta sedimentos de um lado para outro, isto é, tem uma ação erosiva sobre os relevos e preenche as depressões.
A existência de água no estado líquido deve-se à posição extraordinariamente favorável do nosso planeta relativamente ao Sol.
A distância de cada planeta relativamente ao Sol influencia também a existência ou inexistência de atmosfera, bem como a sua composição.
Outro fator importante, determinante para a manutenção de uma atmosfera, é a dimensão do planeta, pois está diretamente relacionada com a gravidade e com a capacidade de reter uma camada gasosa à sua volta. Mercúrio, por ser pequeno e por estar demasiado perto do Sol, não possui atmosfera.
Nos restantes planetas telúricos, existe atmosfera. Em Vénus, a atmosfera é tão densa que reflete intensamente a luz solar, tornando este planeta o astro que mais chama a atenção em todo o céu. A pressão atmosférica é noventa vezes superior à da Terra, e o efeito de estufa é tão acentuado, que a temperatura ronda os 500ºC. O dióxido de carbono é o gás predominante (cerca de 95%).
Tal como em Vénus, a atmosfera em Marte é rica em dióxido de carbono (95%), contrariamente ao que existe na Terra (0,03% de dióxido de carbono atmosférico), onde existem grandes reservatórios de carbono – em algumas rochas, nos oceanos e nos seres vivos. É uma atmosfera muito ténue (menos de 1% da pressão da atmosfera terrestre), onde, no entanto, se geram ventos muito fortes.
Apesar da presença de atmosfera, tanto m Vénus como em Marte, as ações erosivas são ineficazes em ambos os planetas pela falta de água no estado líquido. Nem os ventos existentes em Marte, responsáveis por extensos campos de dunas, chegam para apagar os traços do passado. Assim se explica a conservação de grandes vulcões, crateras de impacto e até vestígios da antiga presença de água, especialmente em Marte, onde figuras semelhantes a leitos de antigos rios são bem visíveis.
Enquanto na Terra as crateras de impacto meteorítico não têm expressão, devido à atividade erosiva, elas constituem o melhor testemunho das manifestações da atividade geológica externa dos outros planetas telúricos.
A formação de crateras é acompanhada de projeção de materiais e da fraturação e metamorfização das rochas, que sofrem, durante o impacto, um aumento brutal de pressão e temperatura.
6.2 Sistema Terra-Lua, um exemplo paradigmático
A Lua, satélite natural da Terra, continua a ter uma origem discutível.
A sua pequena dimensão e a consequente fraca força de atração gravítica levaram a que a Lua perdesse toda a atmosfera e que a sua superfície ficasse sujeita à colisão de corpos de diferentes dimensões.
Quando Galileu a estudou pela primeira vez, através do telescópio, chamou “mares” às regiões planas e escuras que lhe lembravam o oceano à noite, em contraste com regiões mais elevadas e claras – os “continentes”.
Ainda hoje aceitamos estas designações e sabemos que os mares lunares correspondem a extensas áreas cobertas por lavas basálticas cuja origem está ligada a grandes impactos meteoríticos.
Estes impactos serão mais recentes do que aqueles que geraram as crateras mais antigas, situadas nos continentes, cujas rochas, que são anortositos – rochas plutónicas, igualmente existentes na Terra – estão muito fraturadas e pulverizadas e poderão corresponder à crosta lunar primitiva. A frequência dos impactos terá diminuído, drasticamente, há 3800 milhões de anos, altura em que a acreção lunar estaria a terminar e o Sistema Solar entrava numa fase muito mais estável.
Após o vulcanismo que originou os mares, a Lua deve ter permanecido estável, exceto por ocasião de um grande e pontual impacto, o último que, há cem milhões de anos, produziu uma cratera com 85 quilómetros de diâmetro.
Texto retirado do livro Planeta com Vida - Geologia, por Jorge e Manuela Ferreira, da editora Santillana.
Como terá sido formada a Lua?
Bom, existem duas principais teorias:
Lua, irmã da Terra: A Lua ter-se-á formado ao mesmo tempo que a Terra, e por ser um corpo celeste pequeno, na fase inicial do Sistema Solar foi atraída pela massa mais densa, ficando em órbita à volta do planeta Terra.
Lua, filha da Terra - O Big Splash: Um corpo celeste aproximadamente do tamanho de Marte terá embatido na Terra primitiva e os fragmentos do embate ter-se-ão aglomerado formando a Lua. (Esta é a teoria atualmente aceite pela maioria; encontra-se uma ilustração em baixo para explicar - origem desconhecida)
